quarta-feira, 25 de abril de 2012

A nova era do sistema bancário


Os bordões de um certo jornalismo econômico chegaram a limites insuportáveis. Age-se por uma espécie de efeito Pavlov: qualquer redução de juros é vista como imprudência; se dos bancos públicos, é por ordem do governo, se dos bancos privados, por pressão da Dilma. Como se a normalidade consistisse em manter inalterada a mais anormal taxa de juros do planeta.
Conseguem ser mais realistas que o próprio setor bancário.
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Tome-se o caso do Banco do Brasil.
Com a crise de 2008, o sistema bancário trancou o crédito, os bancos públicos avançaram. No período, o BB conseguiu ampliar de 17% para 21% sua participação de mercado - e a conserva até hoje.
Nesse período, manteve um crescimento de 17 a 21% na carteira de crédito, e o ROI (retorno sobre investimento) permaneceu entre 20 a 22% do Patrimônio Líquido. A inadimplência, de 2,1%, é a mais baixa do sistema, contra uma média de 3,6% do mercado.
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Quando ficou claro que o BC traria a taxa Selic para níveis civilizados, o banco redefiniu um segundo round, buscando ampliar posição, conta Paulo Cafarelli, vice-presidente da Área de Negócios e Área Internacional do banco.
O cenário em que o BB começou a trabalhar mostrava 44 milhões de pessoas recebendo salários pelo sistema bancário, dos quais 13 milhões através do BB. Portanto, há uma faixa de 31 milhões a ser trabalhada. No INSS, são 24,7 milhões de pessoas recebendo benefícios de aposentadoria e pensão: dessas, o BB possui 6,9 milhões. São 18 milhões de correntistas com cadastro pré-aprovado para operar com banco, 13 milhões dos quais com apetite para o crédito. Desses, o BB tem 5 milhões.
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Mais. Em suas pesquisas o banco constatou a existência de clientes, recebendo o benefício através do próprio banco, mas tomando crédito em outros bancos, por taxas de juros até maiores.
Decidiu, então, implementar um programa de abordagem desse público, de forma mais qualificada que os "pastinhas", utilizados para captar clientela.
Para atuar sobre esse mercado, o BB criou um conjunto de operações de fidelizando, baseando-se até em práticas dos anos 80, meio esquecidas.
O pacote, denominado de Bom Para Todos, prevê até dez dias de uso do cheque especial sem pagar juros. Se continuar utilizando os serviços por 60 dias, possibilidade de refinanciamento do saldo devedor do cheque especial por taxas de 3% ao mês.
Haverá também um estímulo à portabilidade, tanto da folha de salários de empresas públicas e privadas, como do crédito. Cliente que recebe salário pelo banco poderá trocar um financiamento mais oneroso em outro banco por linhas módicas no BB.
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Como explica Cafarelli, o sistema bancário se deu conta que está acabando a era das taxas de juros elevadas. Os novos tempos exigirão nova postura, um aumento da escala, das operações de crédito e de clientes, compensando a redução do spread.
Os bancos vao ter que se reinventar, diz Cafarelli, viver em um ambiente de margem menor, de spread menor, com novos produtos e serviços, buscando redução de despesa, racionalização de custos (como o compartilhamento de caixas eletrônicos).
IPCA-15 de abril fica em 0,43%
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15) encerrou o mês de abril em alta de 0,43%, acima dos 0,25% apurados em abril, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com o resultado, a variação acumulada no ano chegou a 1,87%, bem abaixo do resultado de igual período de 2011 (3,14%). Os principais responsáveis pelo avanço foram os grupos habitação (de 0,44% em março para 0,75% em abril) e despesas pessoais (de 0,60% para 1,43%).
MPEs voltam a aumentar pontualidade de pagamento
A pontualidade de pagamento das micro e pequenas empresas atingiu 95% em março - a cada 1.000 pagamentos realizados, 950 foram quitados à vista ou com atraso máximo de sete dias, segundo a Serasa Experian. Na comparação com 2011, o avanço foi de 0,7 ponto percentual. Este foi o quarto mês seguido de alta interanual do índice, em um sinal de que a situação financeira das empresas está em processo de melhora, após sucessivas quedas na comparação anual entre março e novembro do ano passado.
Inflação avança na maioria das capitais
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) aumentou em quatro das sete capitais pesquisadas na terceira leitura de abril ante a apuração anterior, segundo dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os dados apontam que o maior acréscimo foi registrado no Rio de Janeiro, onde a taxa passou de 0,58% para 0,68%, seguido por Belo Horizonte (de 0,41% para 0,47%), Recife (de 0,59% para 0,64%) e Salvador (de 0,3% para 0,31%).
Arrecadação de março é recorde
A arrecadação federal em março somou R$ 82,367 bilhões, o maior valor registrado para o mês, segundo a Receita Federal. No primeiro trimestre, a arrecadação somou R$ 257,678 bilhões, valor 7,32% maior que no ano passado. O resultado foi atribuído ao pagamento de débitos em atraso com a Receita, início da cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre derivativos financeiros, mas a expectativa é de desaceleração nos próximos meses.
BC 01: Reservas internacionais tem leve crescimento
As reservas internacionais brasileiras somaram US$ 365,2 bilhões durante o mês de março, um aumento de US$ 8,9 bilhões ante o estoque apurado para o mês anterior, segundo o Banco Central. Já a posição estimada da dívida externa total em março totalizou US$ 299,6 bilhões, uma elevação de US$ 1,4 bilhão em relação ao montante apurado para dezembro de 2011. A dívida de longo prazo alcançou US$ 262,8 bilhões, e a de curto prazo atingiu US$ 36,8 bilhões.
BC 02: Balanço de pagamentos atinge US$ 10,6 bi
O balanço de pagamentos encerrou o mês de março com um superávit de US$ 10,6 bilhões em março, segundo o Banco Central. A conta financeira apresentou superávit de US$13,4 bilhões, com destaque para o ingresso líquido de US$5,9 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED). Já o déficit em transações correntes atingiu US$ 3,3 bilhões em março e US$ 49,8 bilhões nos últimos doze meses, um total equivalente a 1,98% do PIB. No trimestre, o déficit em transações correntes somou US$ 12,1 bi.
Blog: www.luisnassif.com.br

sábado, 21 de abril de 2012

Juro mais baixo é para poucos



Ao contrário do que tem sido amplamente divulgado nas campanhas publicitárias dos programas BomPraTodos, do Banco do Brasil, e Caixa Melhor Crédito, da Caixa Econômica Federal, nem todos os consumidores interessados poderão, de fato, se beneficiar das reduções nas taxas de juros de algumas linhas de crédito. Além disso, informações desencontradas e incompletas caracterizam a busca por esclarecimentos sobre os programas nos dois bancos públicos.

A Gazeta do Povo visitou quatro agências na condição de cliente – duas do Banco do Brasil e duas da Caixa – e constatou que, embora os bancos afirmem não haver distinção entre clientes novos e antigos na aplicação das taxas, algumas delas estão necessariamente atreladas aos níveis de relacionamento do cliente com a instituição. Ou seja: novos correntistas podem ter acesso às taxas reduzidas, porém, não nos mesmos patamares ou mesmo período de tempo.

Na Caixa, o folder publicitário do programa informa que o taxa mínima do cheque especial é de 1,35% ao mês. Além de não informar a taxa máxima (que é de 4,27% ao mês), um número que remete ao pé da página ressalta que a taxa varia de acordo com o nível relacionamento. Para quem não aderir ao novo programa, a taxa do cheque especial segue em 8% ao mês.
Tanto no Banco do Brasil quanto na Caixa, o acesso às novas taxas é facilitado para quem já possui conta-salário ou recebe benefício ou aposentadoria na instituição. Quem não se encaixa nestas categorias é orientado a pedir a transferência da conta para os bancos em questão. Também não é possível, segundo os funcionários de ambos os bancos, fazer simulações das taxas de empréstimos ou financiamentos de veículos, sem antes transferir ou abrir uma conta nos referidos bancos. Quem busca comparar taxas e tarifas para uma possível portabilidade de serviços bancários, por exemplo, consegue apenas informações insuficientes, que podem levar a uma decisão precipitada e ruim para o bolso.
No Banco do Brasil, por exemplo, os funcionários das duas agências não deixaram claro que correntistas e novos correntistas que se encaixam nas modalidades de crédito consignado para servidores públicos e cheque especial não precisam aderir a um dos cinco pacotes de serviços do programa. Por outro lado, para as modalidades de financiamento de bens, automóveis, capital de giro e crédito consignado do INSS, a adesão é obrigatória.
Quem faz a adesão a um dos cinco pacotes do programa – beneficiários do INSS (R$ 6,70), econômico (R$18), especial (R$ 30), completo (R$ 34) e pleno (R$54) – paga, entre outros serviços, por uma assessoria financeira do banco, que passará a readequar automaticamente suas operações às melhores taxas de juros da instituição.
Na Caixa, a nova taxa de 2,85% ao mês no rotativo do cartão de crédito estaria valendo apenas para quem aderir ao novo cartão Caixa Azul, criado junto com o programa de redução. No folder publicitário do programa, no entanto, não consta essa informação, e a taxa mínima do crédito rotativo é de 3,97%. Já a taxa anunciada a partir de 1,99% para cartão de crédito vale apenas para o parcelamento das compras em até 36 vezes. Assim, quem possui outros cartões do banco está sujeito a taxas bem mais elevadas que as anunciadas.
Fonte: Gazeta do Povo – Paraná

terça-feira, 3 de abril de 2012

Pranchita tem o quinto melhor serviço de saúde do país entre municípios de mesmo porte

Em dez itens, o município obteve a nota máxima. Qualidade da equipe técnica e combinação de políticas públicas fazem a diferença, avalia prefeito Marcos Michelon

Assessoria de Imprensa Luciana Rafagnin
Entre municípios de mesmo porte, por critérios de IDH-Índice de Desenvolvimento Humano, de programas desenvolvidos, serviços prestado e semelhanças na estrutura, o município de Pranchita, com pouco mais de 5.600 habitantes, ficou em quinto lugar do país no Índice de Desempenho do Sistema Único do Saúde (IDSUS). Em vários indicadores, o município do Sudoeste do Paraná obteve a nota máxima (10). Nessa pesquisa recente do governo federal, Pranchita integra o Grupo 3 com nota de 7,41, acima da média nacional de 5,4. Dos 5.565 municípios existentes no país, apenas 347 – onde vivem 1,9% da população brasileira – obtiveram nota acima de 7. A deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), que tem na qualidade da saúde uma das principais preocupações e foco do seu mandato parlamentar, disse estar orgulhosa do reconhecimento do trabalho realizado no município.
Pranchita atingiu a nota máxima de qualidade em 10 indicadores da pesquisa. Entre estes, destacam-se: saúde da mulher, exames preventivos de câncer de mama e cólo de útero, aceso à atenção ambulatorial básica, alta e média complexidades, acesso aos serviços de urgência e emergência, 100% de cobertura pelas equipes do programa de saúde da família, cobertura vacinal em menores de um ano, pré-natal e atendimento à gestante, proporção de casos de turberculose sob controle e no baixo índice de internação por infarto agudo do miocárdio. “Está bom de viver em Pranchita”, comemora a secretária municipal de Saúde, Marilene Manfrin Romio. Ela destaca também a aprovação por parte da população dos serviços prestados, que ano após ano fica na casa dos 86% de satisfação. “A administração realiza sondagem junto a todas as secretarias a respeito da qualidade dos serviços e do atendimento e os usuários do sistema de saúde têm conferido uma avaliação muito positiva às nossas ações”, completa.
O prefeito de Pranchita, Marcos Michelon, atribui o reconhecimento da saúde no município à qualidade da equipe técnica e às ações combinadas das diversas políticas públicas, que resultam em melhoria nas condições de vida, sem esquecer os investimentos – quase dois milhões de reais ao ano ou 18% do orçamento municipal – e a aplicação dos programas do governo federal. “A equipe tem autonomia para trabalhar de forma descentralizada e visando conferir mais agilidade à solução dos problemas. Conseguimos reduzir o tempo de espera nas filas por consultas médicas e cirurgias”, afirma Michelon.
Estrutura e desafios
Pranchita possui um hospital municipal – a Fundação Hospitalar da Fronteira -, uma unidade de saúde de atenção básica, situada na sede do município, uma clínica da mulher e da criança, um hospital particular e, até o final do ano, entrará em funcionamento um novo posto de saúde na cidade. Conta com os serviços de duas equipes de Saúde da Família (no interior e na sede) e o atendimento odontológico noturno, com dois dentistas que fazem plantão durante três horas, além do atendimento odontológico ofertado nas comunidades do interior de forma itinerante. Nas escolas, são desenvolvidas ações preventivas de saúde bucal.
Entre os desafios apontados pelo prefeito para a melhoria do sistema estão a conclusão da segunda unidade de atenção básica, a ampliação do atendimento psicoterapêutico e psicológico, da aquisição da alimentação escolar diretamente dos produtores locais e a ampliação dos espaços de lazer à população, como academias públicas e parques. Na semana passada, Michelon e o secretário da Agricultura do município, Francisco Quevedo, participaram de audiência em Curitiba com o secretário de estado da Agricultura, Norberto Ortigara, para reivindicar a instalação de um poço artesiano na comunidade rural de Linha São Roque, orçada em R$ 100 mil. “Quando se pensa na saúde da população, a gente tem de necessariamente esboçar projetos combinados com as demais secretarias e programas sociais que resultem em qualidade de vida num sentido mais amplo”, disse Marcos Michelon. Ele cita como investimento a implantação da rede de esgoto em parceria com a Sanepar, com início previsto para este ano. A obra vai custar em torno de R$ 3,6 milhões e vai beneficiar com saneamento básico cerca de 70% da população residente no perímetro urbano. Hoje, essa cobertura não chega a atingir 20% da população.
A ampliação da estrutura física da Fundação Hospitalar da Fronteira também está no horizonte das prioridades para o município, o que deve disponibilizar 38 leitos para internamentos de média complexidade e ganhar duas salas de cirurgia. Está previsto o aumento nos leitos de pediatria e nos apartamentos para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A aquisição de uma nova ambulância e o funcionamento do Samu Regional, com unidade em Santo Antônio do Sudoeste, também significam melhorias dos serviços.

Guerra das Malvinas: 30 anos de um conflito que ainda não acabou


Memorial das vítimas argentinas na cidade de Ushuaia | Foto: Miguel A. Monjas
Da Redação
No dia 2 de abril de 1982 a Argentina invadiu as Ilhas Malvinas e deu início a 74 dias de guerra com a Inglaterra, que ocupava desde 1833 o que os britânicos chamam de Falklands. A guerra deixou 649 argentinos mortos e vitimou 255 ingleses, além de três habitantes das ilhas.
A derrota da Argentina contribuiu para a queda da ditadura militar, que viria a ruir de vez em 1983, mesmo ano em que a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, conseguiu se reeleger, embalada na popularidade que a vitória sobre o país sul-americano lhe garantiu. Hoje, há exatos 30 anos do conflito, a Argentina ainda reivindica a soberania sobre o território que fica a apenas 550 quilômetros do seu litoral e a 12.800 quilômetros da costa inglesa. A própria história das Malvinas é recheada de disputas sobre sua posse. As ilhas já passaram por mãos francesas e espanholas até chegarem aos argentinos e ingleses.
Enquanto a Argentina alega que as Malvinas foram descobertas por uma expedição de Fernão de Magalhães, em 1520, a pedido da Espanha, a Inglaterra sustenta que quem chegou primeiro foi o capitão britânico John Strong, em 1690. Ambos reconhecem que a primeira colônia que se estabeleceu nas ilhas foi francesa, em 1764. O povoado acabou passando ao controle espanhol em 1767.
Com as revoltas nas colônias espanholas no início do século 19 e a independência da Argentina em 1816, a Espanha abandonou as Malvinas e os argentinos entenderam que eram os herdeiros daquelas terras – que ficavam próximas do seu território e estavam sob controle da antiga metrópole. Então, a Argentina enviou mercenários para o reconhecimento do território e, em 1829, nomeou um governador para comandar as ilhas.
Mas Luis Maria Vernet ficou apenas cinco anos no poder, já que em 1833 uma fragata britânica atracou na ilha, reivindicando o controle do território. Como praticamente não havia efetivo militar argentino no local, o governador acabou se retirando pacificamente junto com os outros moradores.
O pós-guerra e a militarização do Atlântico Sul
Margaret Thatcher salvou sua carreira política com vitória sobre a Argentina | Foto: Divulgação/White House Photo Office
Apesar de a guerra ter marcado um novo momento na reivindicação argentina da soberania das Malvinas, o pleito vem sendo defendido por sucessivos governos há pelo menos 179 anos. Em 1982 o conflito serviu para reavivar os brios nacionalistas dos argentinos e mascarar o fracasso econômico, político e social da ditadura. Mas a derrota acabou escancarando ainda mais a incompetência do regime e contribuiu para sua queda no ano seguinte.
Desde a redemocratização, diversos presidentes argentinos continuaram a reclamar a soberania das Malvinas. A reivindicação chegou a ser engavetada durante a gestão de Carlos Menem (1989-1999), que retomou o diálogo com os britânicos sem questionar a posse das ilhas. Mas o tema voltou com força à pauta nacional e internacional com a chegada de Néstor Kirchner ao poder (2003-2007) e com a eleição de sua mulher, Cristina Kirchner, à presidência.
Os Kirchner adotam um discurso nacionalista para reivindicar a posse das Malvinas. Além de Néstor ter nascido na capital da província de Santa Cruz, na região da Patagônia, próximo do arquipélago, a reconquista tratar-se de uma questão de orgulho para os argentinos. O conflito adquiriu, na última década, contornos econômicos, com a descoberta de reservas de petróleo e gás em seu território. E o consequente reforço militar fornecido pelos britânicos às ilhas só reforça o clima de tensão permanente na região.
Nas próximas semanas, a Inglaterra enviará o navio destróier HMS Dauntless, um dos mais modernos de sua frota. E há especulações não confirmadas de que um submarino nuclear já patrulha as Malvinas.
É nesse contexto que Cristina Kirchner denuncia nos fóruns internacionais a militarização do Atlântico Sul e a manutenção de um estado colonial em relação à Argentina.
A 12.800 quilômetros de distância da Inglaterra, habitantes das Malvinas se consideram britânicos
A derrubada do cruzador General Belgrano foi uma das principais baixas para os argentinos | Foto: Released Press Association
O último censo realizado nas Malvinas, em 2006, aponta que as ilhas possuem 2.748 habitantes, além de um efetivo de 1.700 militares, sendo que a capital, Port Stanley, concentra 2.115 moradores.
Politicamente, o território é comandado por um governador nomeado diretamente pela rainha Elizabeth II. Ele desempenha as funções equivalentes a um chefe de Estado, enquanto uma espécie de “primeiro-ministro” fica na chefia do governo. No âmbito legislativo, uma assembleia composta por oito integrantes eleitos a cada quatro anos chancela as leis do território.
Os habitantes das Malvinas são conhecidos como os kelpers e se consideram britânicos. Nesta segunda-feira (2), quando a guerra com a Argentina completa 30 anos, eles realizaram um ato para lembrar os mortos no conflito e voltaram a rechaçar qualquer domínio do país sul-americano sobre o território.
Na solenidade, o comandante que cuida da defesa das ilhas, Peter Biggs, disse que “a Argentina é um vizinho grande que está perto, mas no qual só vemos hostilidade”.  O governador Nigel Haywood disse, numa entrevista à agência de notícias AFP, que a soberania das Malvinas não está sob negociação, e chegou a cogitar fazer um referendo para consultar a população. “Já sabemos qual seria o resultado. Não somos parte da Argentina”, declarou.
Imprensa argentina dá destaque aos 30 anos da guerra

Jornal Página 12 traz depoimentos de veteranos da Guerra das Malvinas | Foto: Reprodução
Os 30 anos da Guerra das Malvinas repercutiram intensamente na imprensa argentina. Os três maiores jornais do país deram muito destaque ao tema, cada um sob um olhar diferente. O diário La Nación relatou, de forma quase oficialesca, a cerimônia de lembrança dos mortos ingleses realizada na capital das ilhas, Port Stanley.
Já o jornal Clarín descreveu com detalhes como é a vida dos habitantes das Malvinas, relatando o cotidiano do diminuto espaço urbano nas ilhas. O texto destaca que “todos possuem casa e pelo menos um emprego, o Estado fornece educação e saúde, não há cinemas ou teatros e as festas de casamento ocorrem no salão da Assembleia Legislativa”. A matéria também comenta que “à noite, os moradores costumam deixar as portas de suas casas destrancadas”.
O jornal Página 12 reuniu o depoimento de quatro veteranos da guerra, que contam o horror que passaram nas mãos de seus próprios compatriotas. Os desabafos são carregados de emoção e apontam graves violações de direitos humanos que os soldados sofriam de seus próprios comandados – seguindo a própria lógica interna da ditadura militar argenitna.

Retratos da Leitura: média de leitura do brasileiro é de apenas 2,1 livros por ano

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