quinta-feira, 20 de junho de 2013

Argumento de Autoridade

Delfim Netto

Tenho me espantado como tem crescido a arrogância juvenil de estudantes que começam a estudar algum método econométrico, que consideram “científico” e “moderno”, e passam a atacar todos aqueles que não compartilham de sua opinião. Não sabem o mal que fazem a si mesmo – ao desconhecer a dimensão do que ignoram – e a outros. Eles se tornam conservadores e defensores do status quo, supondo que apenas a ortodoxia ensinada nos  EUA é “A Ciência Econômica”, com status similar à Física. Se acreditam que este é o critério de julgamento, deveriam ler alguém que teriam a obrigação respeitar, o decano dos economistas brasileiros, Antônio Delfim Netto, em sua coluna do Valor, 02/04/13. Depois de anos como professor acadêmico, ministro e deputado, ele acumula muito mais saber e experiência de vida do que estes jovens arrogantes formados em Economia ortodoxa. Leiam como ele se manifesta a respeito do confronto entre Economia e Política.

“Estamos vivenciando um problema antigo, que põe em confronto a Economia, ou seja, medidas econômicas razoavelmente apoiadas em construções teóricas e pesquisas empíricas, e os problemas do seu custo social, de que cuida a Política no sentido geral. Isso se deve ao fato de que a Economia é uma disciplina que esconde suas incertezas com letras gregas e apresenta rigor matemático, mas que, no fim e ao cabo, continuam incertezas...
Quando contratamos um competente engenheiro para projetar uma ponte com um dado coeficiente de ignorância, sabemos que ela vai dar conta de sua função despachando o tráfego estimado. O processo termina com sucesso, sem que seja necessário consultar o cimento, a areia, o ferro que conformaram a ponte. Quando a sociedade entrega a política monetária ao mais competente de seus economistas, cujo domínio sobre a disciplina é indisputado, o problema é mais complexo.
As regularidades econômicas não são invariantes no tempo como as leis da Física (seu mundo não é ergódico). e os objetos de sua ação não são ponto sem dimensão num espaço topológicoSão indivíduos que aprendem, protestam, reagem e no fim, votam!
A ponte é uma obra morta e segura. A política monetária é um jogo vivo, dinâmico e sujeito às fraquezas de ambos os atores. Isso sugere que ela não é, e nem pode ser, independente das suas consequências sociais, que são objeto da política em geral e, nos regimes democráticos, da urna, em particular…
Como é evidente, nem a solução proposta por assessores econômicos, que aviam as receitas sem consideração dos seus custos sociais, defendida por economistas que se supõem portadores de uma “Ciência Monetária”, nem as propostas “sociais” sustentadas por mal disfarçada ideologia, que ignoram as relações econômicas (por mais imperfeitas que sejam), podem levar à construção de uma sociedade civilizada e eficiente.
Essa questão acaba de receber a contribuição de dois brilhantes economistas. Eles estão construindo uma compreensão mais abrangente do desenvolvimento econômico e social, incorporando à economia a história, a geografia, a antropologia, a sociologia, a psicologia e a política, em modelos simples e quantificáveis. O último artigo da dupla DARON ACEMOGLU & JAMES ROBINSON Economics versus Politics – Pitfalls of Policy Advice fev 2013 é rigorosamente imperdível.
O objeto do artigo pode ser resumido na proposição que “a análise econômica deve identificar, teórica e empiricamente, as condições sobre as quais a Política e a Economia entram em conflito e, então, avaliar as ações da política econômica levando em conta tal conflito, junto com as potenciais reações às quais ela levará“.
Como em todos os seus trabalhos, os argumentos são sofisticados e logicamente construídos. Mostram que nem sempre, apesar de ser consenso entre os economistas, “a redução ou remoção das falhas e distorções do mercado deve ser recomendada”. Como argumentam no artigo, “essa conclusão é muitas vezes incorreta, porque ignora a Política“… e… “reformas econômicas executadas sem um amplo entendimento das suas consequências, em lugar de promover a eficiência, podem reduzi-la significantemente”.
Não deixem de ler a convincente análise do papel dos sindicatos (que os economistas [ortodoxos] consideram uma “falha de mercado” e combatem) na construção do processo democrático.”

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Manter os jovens no agronegócio brasileiro é um dos desafios do setor

Gestão Familiar




Ascom Famato 


Com o objetivo de despertar nos jovens, filhos de produtores rurais e empresários ligados aos segmentos do agronegócio, a paixão pelo setor e prepará-los para gerir os negócios da família, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) estão desenvolvendo o projeto Futuros Produtores do Brasil, que reúne 30 jovens de todas as regiões de Mato Grosso. Mantê-los na atividade é um dos principais desafios do agronegócio. Segundo a empresa de consultoria Defamília, no Brasil cerca de 80% das empresas são familiares e de cada três delas duas não chegarão até a próxima geração.

Nesta entrevista, a consultora do projeto, Priscilla Mello, da empresa Defamília, fala dos desafios das famílias do setor agropecuário na gestão e introdução dos filhos nos negócios. Priscilla é especializada em Planejamento Estratégico por Berkeley e MBA em Gestão Empresarial pelo ITA/ESPM. Além disso, é mediadora pelo Instituto Familie e Mediaras e graduada em Coach de Executivos pelo ICI Integrated Coaching Institute.

Famato - O projeto Futuros Produtores do Brasil pode ser considerado inovador no país?

Priscilla Mello - Esse projeto é inovador justamente pelo fato de que a Famato e o Senar-MT, entidades que representam os produtores rurais de Mato Grosso, estão preocupados com o futuro da gestão da agropecuária e este futuro está justamente nas mãos dos jovens, que se tornarão produtores do Brasil. O programa tem o propósito de cuidar do jovem e fazer com que ele entenda que pode contribuir de alguma forma para o desenvolvimento do setor e do país, que começa na agropecuária. Ainda temos muito a crescer no agro e a Famato e o Senar-MT com esta iniciativa estão dando um grande salto e trazendo uma grande contribuição para o futuro.

Famato - Como se dá este processo de introdução dos jovens nos negócios da família?

Priscilla Mello - As famílias estão cada vez mais percebendo que quanto mais elas se tornarem profissionais, melhores serão os seus resultados. Já realizamos trabalhos com inúmeras famílias, incluindo do setor agropecuário e todas estão muito preocupadas com a profissionalização. Outra coisa que tem mudado é a visão das famílias em relação à sucessão, que antes era vista como sinônimo de morte, mas que na verdade se trata de organização e governança, pilares que garantem que os negócios vão continuar crescendo de maneira profissional. É preciso que fique claro que na empresa familiar, a família é o pilar de sustentação da governança corporativa, que conduz a gestão.

Famato - Quais as dicas que a senhora daria aos pais na hora de expor esta questão aos filhos?

Priscilla Mello - As famílias empresárias precisam alinhar seus membros com um objetivo comum e evitar conflitos. Cerca de 65% das empresas familiares desaparecem devido a conflitos entre membros da família. Comunicação em primeiro lugar.

Famato - O que será passado para os jovens participantes do projeto Futuros Produtores do Brasil?

Priscilla Mello - Queremos fazer com que a paixão pelo setor agropecuário aflore nestes jovens. Com tantas oportunidades e tantas opções de escolha, o setor agropecuário tem perdido os jovens que acabam sendo atraídos para outras carreiras, diferentemente do que acontecia no passado, quando filho de produtor rural ajudava os pais no campo e tinha como único caminho seguir o trabalho dos pais. Queremos que eles vivenciem todas as inúmeras possibilidades da agropecuária, com encontros que irão abordar produção de grãos, pecuária, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), mercado e comercialização. Além disso, também iremos passar para estes jovens noções de gestão corporativa e governança, para que eles possam levar esta discussão para a família.

Famato - Por que a agropecuária precisa dos jovens para continuar se desenvolvendo?

Priscilla Mello - A agropecuária, em especial a agricultura, se desenvolveu tanto nos últimos anos muito em parte pelo uso da tecnologia. E o jovem antenado com a tecnologia pode trazer muita novidade para o setor, contribuindo com sua visão ampla de mundo para que o agro se desenvolva ainda mais.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Plano Agrícola e Pecuário destinará R$ 136 bilhões ao agronegócio brasileiro no período 2013/2014

Este é o plano mais abrangente e maior em volume financeiro já lançado no Brasil
Brasília, 4/6/2013 – O Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014 – anunciado hoje pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, em solenidade no Palácio do Planalto – destinará R$ 136 bilhões para investimentos no agronegócio brasileiro. É o maior aporte já realizado na história do plano. Além de ter acesso a novos benefícios, nossos agricultores e pecuaristas pagarão juros menores em algumas linhas de financiamento, daqui por diante. O evento contou com as presenças da presidenta Dilma Roussef; do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas; da presidente da Confederação Brasileira da Agricultura (CNA), Kátia Abreu e do superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Renato Nobile, dentre outras autoridades.
Segundo Lopes de Freitas, a política anunciada pela presidenta resolve uma série de necessidades históricas da agropecuária no Brasil e traz uma boa perspectiva de crescimento. “Trata-se de um plano robusto, bem construído e bastante consistente. Se atende bem ao agricultor, atende às cooperativas“, elogiou o presidente do Sistema. A afirmação de Lopes de Freitas tem razão de ser. Hoje, as cooperativas brasileiras respondem por mais da metade da produção agrícola brasileira. Justamente por isso, o ministro Antonio Andrade agradeceu nominalmente ao Sistema OCB por sua força e importância para todo o agronegócio brasileiro.
Com relação à questão específica da armazenagem, o líder cooperativista avaliou: “nossa safra não cabe em nossos armazéns. O governo divulgou um plano muito bom, destinando R$ 25 milhões para resolver este problema. Foi uma ação inteligente, estratégica e fundamental. Precisamos melhorar nossa capacidade, dentro de uma logística de escoamento e, com certeza, esta decisão veio em muito boa hora”.
Também sobre este ponto, a presidenta Dilma Roussef destacou a importância de uma atuação conjunta entre governo e iniciativa privada, chamando atenção para o papel das cooperativas: “Essa combinação vai garantir que tenhamos a armazenagem que o país necessita”, disse a presidenta.
Destaques – Ainda a respeito das medidas anunciadas, Lopes de Freitas fez uma ressalva quanto à redução aplicada às taxas de juros: “Ainda não estão como gostaríamos. Vamos continuar trabalhando junto ao poder público para alcançar o patamar ideal”.
“Além de ampliar os recursos disponíveis, vamos reduzir as taxas de juros para capital de giro”, ressaltou a presidente Dilma numa referência direta ao cooperativismo. Ela informou que os limites de financiamento em programas que assistem diretamente às cooperativas brasileiras, como Prodecoop e Procap-Agro, aumentaram para R$ 5,3 bilhões. Já a taxa de juros para a modalidade capital de giro caiu de 9% para 6,5% ao ano – patamar ainda não considerado ideal pelo Sistema OCB. Outro destaque foi o aumento no volume de recursos da subvenção ao prêmio do seguro rural para R$ 700 milhões. Alta de 75% em relação à safra anterior.
Dilma enfatizou, ainda, a importância de reafirmar o compromisso com o médio produtor. “Agricultura é feita de pessoas e é a elas que dedicamos estes investimentos. O aumento em relação aos números do ano passado tem o objetivo de que nos esforcemos e melhoremos ainda mais o agronegócio brasileiro”. E ela foi além ao prometer: “Recursos não irão faltar; se for preciso, vamos complementar. Gastem e terão mais!“.
 NOSSA POSIÇÃO SOBRE O PLANO
O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/14 é o mais abrangente e maior em volume financeiro já lançado no Brasil. O total de recursos liberados para a próxima safra é de R$ 136 bilhões, sendo R$ 97,6 bilhões para financiamentos de custeio e comercialização e R$ 38,4 bilhões para os programas de investimento. Em relação ao crédito disponibilizado na temporada que termina no dia 30 de junho deste ano, a alta é de 18%. Confira a opinião do Sistema OCB sobre o assunto:
 PONTOS POSITIVOS PARA O COOPERATIVISMO
  • Aumento do montante de recursos para a subvenção ao prêmio do seguro rural de R$ 400 milhões para R$ 700 milhões (alta de 75%)
  • Aumento do montante global de recursos para o Plano Agrícola e Pecuário de R$ 115,25 bilhões para R$ 136 bilhões (18% de crescimento)
  • Alocação de recursos para o Programa Nacional de Armazenagem (R$ 25 bilhões para os próximos cinco anos, com juros de 3,5% ao ano e prazo de 15 anos)
  • Criação de novos programas de investimentos: em irrigação e em inovação e tecnologia.
  • Criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) vinculada à Embrapa.
  • Redução dos juros do Procap Agro (giro de 9% para 6,5% ao ano)
  • Aumento do limite de financiamento de custeio por produtor de R$ 800 mil para R$ 1 milhão por safra (alta de 25%)
  • Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) – redução da taxa de juros de 5% para 4,5% ao ano e aumento do montante de recursos de R$ 11,5 bilhões para R$ 13,2 bilhões.
 PONTOS QUE MERECEM ADEQUAÇÕES
  • Não houve elevação dos volumes de recursos por cooperativas do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), ou seja, ainda permanece o limite de R$ 100 milhões.
  • Os preços mínimos não sofreram reajustes, embora os custos de produção tenham aumentado nas últimas safras.
  • Não regulamentação do Fundo de Catástrofe.
  • Não redução das taxas de juros para custeio e investimentos da agricultura comercial.
Fonte: OCB