As mudanças climáticas estão alterando as regras de competição na economia global. Confira, abaixo, como o Brasil se situa na nova geopolítica do carbono
Pontos fortesA matriz energética é limpa: Ao todo, 80% da energia elétrica consumida no país vem de usinas hidrelétricas, que emitem baixos volumes de gás carbônico. Além disso, o governo brasileiro está disposto a diversificar essa matriz por meio de investimentos que também contemplem fontes de energia renovável, como a eólica e a de biomassa. Para isso, conta com o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).
Há políticas bem-sucedidas na área de combustíveis alternativos: Desde a crise do petróleo, nos anos 70, o Brasil desenvolve políticas de estímulo à produção de combustíveis alternativos - tais como o álcool. Entre 1975 e 2000, estima-se que o país tenha deixado de emitir 110 milhões de toneladas de carbono devido à substituição da gasolina pelo álcool. Hoje, a Petrobras também desenvolve projetos na área de biodiesel, feito a partir de oleaginosas como a soja, a mamona e o dendê.
Potencial de aumento na demanda por biocombustíveis: Os esforços globais para reduzir a queima de combustíveis fósseis podem favorecer os países que detêm tecnologia para a produção de energia renovável. Nesse caso, o Brasil terá grandes oportunidades nos mercados de álcool ou de biodiesel - tanto para a exportação de combustível quanto para a venda de tecnologia.
Não há uma política nacional de mitigação do carbono: Dezessete anos depois da Rio-92, o Brasil ainda carece de um plano concreto para enfrentar o aquecimento global. O projeto de lei que prevê a criação da Política Nacional de Mudanças Climáticas já tramita no Congresso, desde 2007, e deverá ser votado somente no final deste ano. Antes mesmo de ser aprovado, porém, o texto já é criticado por ambientalistas e ONGs.
Faltam investimentos em tecnologias de descarbonização: A maioria dos esforços do Brasil para retirar carbono da atmosfera está no combate aos desmatamentos da Amazônia. Pouca atenção é dada à mitigação dos gases gerados na matriz energética, no processamento de petróleo e demais atividades intensivas em tecnologia. O país corre o risco de, no futuro, ficar dependente de tecnologia estrangeira de descabornização. E terá de importar.
Estados Unidos e China poderão impor as regras do jogo: Os dois países se recusam a assumir as metas traçadas em Kyoto para a redução na emissão de gases do efeito estufa. Juntos, porém, americanos e chineses podem costurar um acordo bilateral para ditar o ritmo das próprias reduções. Se isso acontecer, tanto o Brasil quanto os demais países do G-20 perderão poder de negociação nos fóruns internacionais sobre o clima.
Novas barreiras não tarifárias podem surgir nos mercados do Hemisfério Norte: Com o pretexto de que precisam reduzir suas emissões de CO2, os países mais ricos podem instituir novas barreiras protecionistas, tais como normas e restrições ambientais. O custo para acessar esses mercados também se tornará maior, especialmente para os países que não têm a obrigação de emitir menos carbono - como é o caso do Brasil.
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