quarta-feira, 19 de junho de 2013

Manter os jovens no agronegócio brasileiro é um dos desafios do setor

Gestão Familiar




Ascom Famato 


Com o objetivo de despertar nos jovens, filhos de produtores rurais e empresários ligados aos segmentos do agronegócio, a paixão pelo setor e prepará-los para gerir os negócios da família, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) estão desenvolvendo o projeto Futuros Produtores do Brasil, que reúne 30 jovens de todas as regiões de Mato Grosso. Mantê-los na atividade é um dos principais desafios do agronegócio. Segundo a empresa de consultoria Defamília, no Brasil cerca de 80% das empresas são familiares e de cada três delas duas não chegarão até a próxima geração.

Nesta entrevista, a consultora do projeto, Priscilla Mello, da empresa Defamília, fala dos desafios das famílias do setor agropecuário na gestão e introdução dos filhos nos negócios. Priscilla é especializada em Planejamento Estratégico por Berkeley e MBA em Gestão Empresarial pelo ITA/ESPM. Além disso, é mediadora pelo Instituto Familie e Mediaras e graduada em Coach de Executivos pelo ICI Integrated Coaching Institute.

Famato - O projeto Futuros Produtores do Brasil pode ser considerado inovador no país?

Priscilla Mello - Esse projeto é inovador justamente pelo fato de que a Famato e o Senar-MT, entidades que representam os produtores rurais de Mato Grosso, estão preocupados com o futuro da gestão da agropecuária e este futuro está justamente nas mãos dos jovens, que se tornarão produtores do Brasil. O programa tem o propósito de cuidar do jovem e fazer com que ele entenda que pode contribuir de alguma forma para o desenvolvimento do setor e do país, que começa na agropecuária. Ainda temos muito a crescer no agro e a Famato e o Senar-MT com esta iniciativa estão dando um grande salto e trazendo uma grande contribuição para o futuro.

Famato - Como se dá este processo de introdução dos jovens nos negócios da família?

Priscilla Mello - As famílias estão cada vez mais percebendo que quanto mais elas se tornarem profissionais, melhores serão os seus resultados. Já realizamos trabalhos com inúmeras famílias, incluindo do setor agropecuário e todas estão muito preocupadas com a profissionalização. Outra coisa que tem mudado é a visão das famílias em relação à sucessão, que antes era vista como sinônimo de morte, mas que na verdade se trata de organização e governança, pilares que garantem que os negócios vão continuar crescendo de maneira profissional. É preciso que fique claro que na empresa familiar, a família é o pilar de sustentação da governança corporativa, que conduz a gestão.

Famato - Quais as dicas que a senhora daria aos pais na hora de expor esta questão aos filhos?

Priscilla Mello - As famílias empresárias precisam alinhar seus membros com um objetivo comum e evitar conflitos. Cerca de 65% das empresas familiares desaparecem devido a conflitos entre membros da família. Comunicação em primeiro lugar.

Famato - O que será passado para os jovens participantes do projeto Futuros Produtores do Brasil?

Priscilla Mello - Queremos fazer com que a paixão pelo setor agropecuário aflore nestes jovens. Com tantas oportunidades e tantas opções de escolha, o setor agropecuário tem perdido os jovens que acabam sendo atraídos para outras carreiras, diferentemente do que acontecia no passado, quando filho de produtor rural ajudava os pais no campo e tinha como único caminho seguir o trabalho dos pais. Queremos que eles vivenciem todas as inúmeras possibilidades da agropecuária, com encontros que irão abordar produção de grãos, pecuária, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), mercado e comercialização. Além disso, também iremos passar para estes jovens noções de gestão corporativa e governança, para que eles possam levar esta discussão para a família.

Famato - Por que a agropecuária precisa dos jovens para continuar se desenvolvendo?

Priscilla Mello - A agropecuária, em especial a agricultura, se desenvolveu tanto nos últimos anos muito em parte pelo uso da tecnologia. E o jovem antenado com a tecnologia pode trazer muita novidade para o setor, contribuindo com sua visão ampla de mundo para que o agro se desenvolva ainda mais.

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