Anderson comenta: “Navarro,
você é um empreendedor que admiro e gostaria de aproveitar essa
oportunidade para perguntar algo simples: quais são as principais lições
que você aprendeu ‘na unha’ e que pode compartilhar para amenizar um
pouco o caminho de quem quer empreender? Valeu”.
Há um clichê sobre empreendedorismo que eu gosto de repetir: “Empreender é um estilo de vida”.
Ah, pois é, afinal de contas quando empreendemos nós optamos por um
caminho absolutamente antinatural (para muitos, não todos, é importante
frisar).
Antinatural, como assim? O tema é polêmico, reconheço,
mas ainda percebo que para muitas pessoas o oposto do empreendedorismo é
o “emprego de verdade” (termo usado pelo Scott Gerber).
Ora, se trocamos a segurança e a estabilidade da zona de conforto
(salário, férias e etc.) pela árdua luta pela em busca da realização
pessoal, já somos vistos como “loucos”.
E se considerarmos o
desafio adicional que é estabelecer um negócio no Brasil, sobreviver aos
meandros burocráticos para manter o negócio em operação e lidar com as
massacrantes carga tributária e burocrática, a “profissão” empreendedor
ganha contornos épicos.
Os dilemas do empreendedor
Mas,
na verdade, os dilemas são mesmo de outra natureza. São muito mais
relacionados ao perfil do empreendedor, sua capacidade de arriscar e
correr atrás dos resultados que deste ou daquele país. Permita-me
compartilhar o que aprendi nesta jornada.
1. Ideia é uma coisa, produto é outra
Ao
entrar em uma loja ou site, você compra produtos e serviços, não uma
ideia. A lógica por trás desse raciocínio é bem simples: como
consumidores, nós trocamos nosso esforço por produtos e serviços capazes
de nos trazer melhores resultados, ainda que eles sejam subjetivos.
Não
há novidade nenhuma nisso, mas o recado é importante porque parece que
muitas pessoas estão cheias de boas ideias, mas sem nenhum produto (ou
serviço) para ser vendido. Isso é ótimo, mas não é suficiente para
iniciar um negócio – talvez seja o passo inicial, mas é preciso ir além e
criar algo que seja necessário (ou desejado) por clientes.
2. As vendas é que fazem o dinheiro entrar
Aqui
vale enfatizar a importância de um perfil multidisciplinar no quadro de
sócios ou na equipe que inicia a empresa. É comum que o empreendedor
“dono” da principal ideia goste mesmo é de criar, testar e encher o
produto de funcionalidades, mas não de “bater perna” e conseguir
compradores para ele.
A regra básica de qualquer negócio é
simples: a geração de receitas depende das vendas do produto ou serviço e
isso requer um esforço comercial. Vale lembrar que mesmo um excelente
produto ou serviço não se vende sozinho, muito embora isso pareça ser
uma verdade em casos notórios de sucesso. Não tem jeito, é importante
vender. E vender muito bem!
3. Empreender é “cool”, ser empresário é desafiador
Burocracia
não combina com empreendedorismo e estilo de vida, não é mesmo? Quem se
orgulha de dizer que sua vida é feita de preencher documentos, esperar
liberação dos órgãos competentes e preencher planilhas e planilhas de
custos, pagamentos e controles? Pois é, mas esse é o dia a dia do
pequeno empresário.
Quem inicia um negócio precisa atuar como
vendedor, contador, gestor de RH, suporte ao cliente e por ai vai. Não
que ele vá executar cada uma destas tarefas, mas sua supervisão ativa se
faz necessária pelo porte da empresa e tamanho da equipe. E isso pode
ser bem entediante para algumas pessoas. Ainda assim, precisa ser feito.
Bem feito.
4. Quem se relaciona são as pessoas, não as empresas
Por
telefone, e-mail, redes sociais ou de forma presencial, são seres
humanos que falam, escutam, argumentam, concordam e discordam. Isso pode
parecer ridículo, mas fico surpreso com a quantidade de pessoas que
agem como se a empresa fosse uma entidade falante.
É comum
ouvirmos por ai que “as pessoas são a empresa”. Certo, mas a
interpretação para esta afirmação deve ser correta: as pessoas
representam a empresa, pois elas estão na empresa. Mas elas continuam
sendo as “Anas”, “Gabrielas”, os “Paulos”, “Josés” e por ai vai.
Entender de pessoas é fundamental para prosperar nos negócios. Ponto.
5. Tudo muda. Muda muito. Muda muito rápido
Como
se não bastassem as dificuldades de ser “dono do próprio nariz”, a
certeza de que nenhum dia será como os demais toma conta do estilo de
vida do empreendedor. O que, convenhamos, é exatamente o que queremos e
gostamos, embora represente riscos e necessidades constantes de
atualização e ação.
Leis, mercado, concorrência, inovação,
produtos, equipe, necessidades dos clientes, são muitos os aspectos que
costumam se alterar sem aviso prévio e com consequências importantes.
Uma cabeça aberta, muita dedicação e uma equipe competente são
características fundamentais para aguentar tantas mexidas.
Conclusão
A
essa altura é preciso fazer uma ressalva: o artigo é de opinião e,
portanto, tudo que eu escrevi representa apenas minha visão sobre o
empreendedorismo no seu início. Faço esse alerta porque o tema é
subjetivo e requer interpretações e experiências pessoais que texto
nenhum pode oferecer.
Sempre que eu trato desses assuntos em
palestras e eventos, costumam dizer minhas palavras são como um “tapa na
cara do empreendedor”. A reação é legal, mas não é possível sentir a
dor, a frustração e as emoções de um tapa apenas ouvindo ou lendo sobre o
assunto. O verdadeiro tapa (a prática) é importante.
O recado é
esse: experimente, viva e arrisque-se na construção de seu negócio.
Erre. Acerte. Erre de novo. Aprenda com tudo isso. E compartilhe sempre o
que aprendeu.
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