(Mônica Izaguirre)O ano de 2012 foi bom para as cooperativas de crédito no Brasil. Os ativos dessas instituições romperam a marca histórica da centena de bilhões, alcançando R$ 103,15 bilhões em setembro, segundo consolidação dos balanços enviados no último trimestre ao Banco Central.
Com
mais de seis milhões de associados, linha ultrapassada em junho, e um
estoque de empréstimos e financiamentos que cresceu mais de 600% nos
últimos dez anos, se formassem um banco, o conjunto das cooperativas
corresponderia ao oitavo maior conglomerado financeiro do país em ativos
totais. Em rede própria de atendimento, seriam o terceiro maior
conglomerado, com mais de 5 mil pontos atingidos em novembro, atrás
apenas de Banco do Brasil e Bradesco.
A participação nas operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) está em torno de 2%. O percentual sobe em
alguns nichos, como financiamentos rurais com recursos livres e
empréstimos mediante desconto de títulos, dos quais elas respondiam,
respectivamente, por 17,5% e 8,6% do saldo em junho.
Os
números foram fornecidos pelo diretor de relações institucionais do BC,
Luiz Edson Feltrim, em entrevista ao Valor. Os dados mostram que em
2012, até setembro, o cooperativismo cresceu num ritmo mais forte que o
do conjunto do SFN, tanto em ativos totais quanto em saldo de operações
de crédito. A velocidade de avanço do patrimônio líquido e dos depósitos
captados também superou a média.
Considerando-se
apenas as instituições bancárias, universo do qual fazem parte como
captadoras de depósitos à vista, as cooperativas também vêm crescendo
mais rápido que o conjunto já há vários anos. Com isso, a participação
no sistema tem aumentado em relação a diversos indicadores.
O
segmento tem crescido em operações, rede e universo de depositantes
(necessariamente os próprios associados) apesar da queda do número de
cooperativas singulares (que não são cooperativas de cooperativas, estas
chamadas de cooperativas centrais).
Após
atingir o número de 1.427 no fim de 2007, ano em que ainda houve
aumento de cooperativas, a quantidade de instituições caiu nos anos
seguintes. Houve redução mesmo com o surgimento de novas cooperativas,
pois as que desapareceram foram em maior número. No fim de setembro de
2012, restavam em atividade 1.231, 196 a menos que no fim de 2007.
Um
"saudável" processo de concentração para ganhar escala explica o
descompasso entre a evolução do número de cooperativas singulares e o
crescimento dos demais indicadores do segmento, disse Feltrim. Ao fazer
tal afirmação, ele apresentou um levantamento sobre os motivos de
desaparecimento de cooperativas entre 2010 e setembro de 2012.
Nesses
quase três anos, 172 instituições deixaram de existir, provocando
redução líquida de 135 no número total de cooperativas. Precisamente 89,
mais da metade, sumiram porque foram incorporadas a outras, informou o
diretor do BC, destacando que há um esforço para ganhar escala e, assim,
reduzir custos.
Somente
três saíram do mercado porque sofreram liquidação extrajudicial pelo BC
nesse período. Os cancelamentos de ofício, que somaram 21, também são
iniciativa do BC. Mas o diretor explicou que referem-se a cooperativas
que desistem de operar sem avisar antes a autoridade supervisora, que
vai atrás para saber o que houve, por exemplo, quando deixa de receber
relatórios contábeis obrigatórios e regulares.
O
restante das 172 saiu do mercado por decisão dos próprios cooperados,
mediante processos como liquidação ordinária, mudança de objeto social,
extinção, ou por falência (um caso apenas desde 2010).
Chefe
do departamento de organização do sistema financeiro por mais de 12
anos, até maio de 2011, Luiz Edson Feltrim integrou o grupo de
especialistas do governo cujos estudos se desdobraram, desde 2003, numa
profunda mudança no arcabouço normativo do crédito cooperativo no
Brasil. Na opinião do diretor, as regras prudenciais adotadas,
semelhantes às aplicáveis aos bancos, como a limitação de operações em
função do capital, foram um importante fator de crescimento sustentado
do segmento nos últimos anos. (Fonte: Valor Econômico)
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