quinta-feira, 6 de agosto de 2015

CMN altera resolução aplicada às cooperativas financeiras


Brasília/DF, 5 de Agosto de 2015
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, nesta data, a Resolução 4.434/15 (clique no linkdispondo sobre a constituição, a autorização para funcionamento, o funcionamento, as alterações estatutárias e o cancelamento de autorização para funcionamento de cooperativas financeiras.
A resolução representa um aprimoramento no arcabouço regulatório do segmento de cooperativas financeiras, introduzindo uma nova classificação para essas entidades de acordo com as operações realizadas e, consequentemente, eliminando-se da regulamentação as restrições ao quadro associativo. Nesse sentido, as cooperativas financeiras singulares passam a ser classificadas nas seguintes categorias:
1.    Plenas – podem praticar todas as operações autorizadas às cooperativas financeiras;
2.    Clássicas – vedada a realização de operações que geram exposição vendida ou comprada em ouro, moeda estrangeira, variação cambial, variação no preço de mercadorias, ações ou em instrumentos financeiros derivativos, bem como a aplicação em títulos de securitização, empréstimos de ativos, operações compromissadas e em cotas de fundos de investimento; e
3.    Capital e Empréstimo – vedada a captação de depósitos e a realização de operações que geram exposição vendida ou comprada em ouro, moeda estrangeira, variação cambial, variação no preço de mercadorias, ações ou em instrumentos financeiros derivativos, bem como a aplicação em títulos de securitização, empréstimos de ativos, operações compromissadas e em cotas de fundos de investimento.
Com esta alteração, qualquer cooperativa financeira do país, mesmo que hoje atue apenas com o público rural, ou com alguma categoria profissional específica (médicos, policiais, advogados, professores, funcionários públicos, …), poderá passar a atuar com todos os públicos, a exemplo das atuais cooperativas de livre admissão de associados, desde que aprovado pelos associados em assembleia geral que proponha a mudança estatutária. Esta mudança, se vier a ser adotada de forma maciça pelas cooperativas, principalmente pelas que atuam em grandes centros urbanos (notadamente nas capitais e principais regiões metropolitanas do país) poderá aumentar significativamente a quantidade de brasileiros associados a cooperativas financeiras, à exemplo do que aconteceu nos EUA na década de 90.
Considerando a nova segmentação, foram definidos novos valores de capital inicial e de patrimônio líquido. A estrutura de governança exigida e o regime de apuração do capital requerido também serão diferenciados de acordo com a classificação da cooperativa financeira.
O Banco Central do Brasil indicará, no prazo de 90 dias, o enquadramento prévio de cada cooperativa financeira singular em funcionamento nas novas categorias, com base nas operações hoje praticadas. Posteriormente, no prazo de 90 dias da indicação, a cooperativa financeira singular deverá manifestar concordância com a indicação ou solicitar a mudança da categoria indicada.

Fonte: Bacen e Portal do Cooperativismo Financeiro


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Reparar ou trocar? Conheça a escolha do brasileiro



Brasileiros gastam quase R$ 6,5 bilhões em consertos por ano para driblar a dificuldade durante a crise, aponta estudo da FecomercioSP
            Em 2014, os brasileiros gastaram mais de R$ 6,5 bilhões em consertos e reparos de aproximadamente 40 tipos de produtos domésticos. Todas as camadas sociais recorreram ao serviço em diferentes níveis, sendo que a classe E desembolsou, por conserto, quase R$ 36,00, enquanto a classe A gastou, no total, R$ 393,00.
            Os dados são da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo e foram estimados com base em informações da Pesquisa de Orçamento Familiares (POF), do IBGE.
            De acordo com a assessoria econômica da Federação, nos países de economia desenvolvida, em que a renda per capita é elevada, estes serviços possuem alto nível de sofisticação e, consequentemente, um valor muito elevado. Em muitos casos, o preço de um restauro chega a ser equivalente ao do produto novo, disponível nas lojas. Já no Brasil, que possui renda per capita bem inferior aos dos países desenvolvidos, esse hábito se tornou comum, segundo os economistas, justamente pela grande procura e por possuir um custo mais acessível.
            Ainda de acordo com a Entidade, como os efeitos da crise têm causado forte impacto no poder de compra dos consumidores - que cada vez mais sofrem com a alta dos preços - a tendência é de que, para driblar a dificuldade em adquirir um novo item doméstico, as pessoas acabem optando pelo reparo. Entre os mais procurados estão os consertos de móveis (R$ 1,4 bilhão); televisores (R$ 1,0 bilhão); e geladeiras (R$ 860 milhões).

            Segundo o estudo, se comparado com itens de alimentação, o gasto anual de R$ 476 milhões da classe E foi 6% maior do que as despesas totais com macarrão e 21% a mais do que foi desembolsado na compra de tomates.



fonte aqui

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Dia Internacional do Cooperativismo 2015 – Escolha cooperativismo. Escolha equidade




Escolha cooperativismo. Escolha equidade. Este é o tema do 93º Dia Internacional do Cooperativismo, divulgado pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI). A data, neste ano, será celebrada em 4 de julho.
Em nosso mundo globalizado a desigualdade está em ascensão.
O hiato na renda mundial tem aumentado ao longo dos últimos anos. Um relatório recente do Credit Suisse estima que o um por cento mais rico da população mundial concentra quase metade da riqueza total do mundo, enquanto metade das pessoas do planeta detém menos de um por cento da riqueza mundial.
No entanto, a desigualdade se apresenta em diversos tons, podendo se aplicar às características étnicas e regionais ou a aspectos pessoais, como sexo ou idade. Precedendo a equidade no direito ao voto entre homens e mulheres, a igualdade de gênero tem sido um direito fundamental em cooperativas desde o seu início, na primeira metade do século 19.
A hierarquia tipicamente plana das cooperativas incentiva uma cultura de trabalho em equipe, onde o talento é recompensado ao invés de competitividade.
Como a desigualdade afeta a todos nós
A desigualdade é um tema relevante pois influencia nossas percepções sobre auto-estima e justiça. Todos os seres humanos têm direito ao mesmo respeito e à mesma dignidade. No entanto, a desigualdade traz graves consequências socio-econômicas e de segurança.
§  Prejudicial para a economia – A desigualdade retarda o crescimento do PIB, o que dificulta a acumulação de capital humano, corrói resultados educacionais e perspectivas econômicas de longo prazo, especialmente para as pessoas de baixa renda.
§  Prejudicial para a nossa infraestrutura – Quando excluídos, os indivíduos não são capazes de participar nas instituições que formam a sociedade. Exemplos disso são a capacitação médica, indústrias que requeiram trabalhadores qualificados, ou as áreas de crédito e seguros.
§  Prejudicial para a nossa segurança – Os impactos sociais da desigualdade incluem desemprego, violência, crime, humilhação, degradação do capital humano e exclusão social. A desigualdade afeta negativamente a participação democrática, fomentando a corrupção e o conflito civil.
§  Prejudicial para a democracia – Politicamente, a desigualdade corrói a justiça das instituições e agrava o problema da responsabilização dos governos. Quando as instituições sociais já são frágeis, a desigualdade desestimula ainda mais a vida cívica e social que sustenta a tomada de decisão coletiva, necessária para o funcionamento de sociedades saudáveis.
Como o cooperativismo pode contribuir
1.    Todos são donos – expandindo o conceito de propriedade, as cooperativas são uma força comprovada para a inclusão econômica e social. Se o modelo coperativista continuar a crescer, a desigualdade será reduzida.
2.    Aberta a todos – Uma cooperativa é aberta a todos, seja homem ou mulher, jovem ou idoso, qualquer pessoa pode participar.
3.    O poder de decisão não está vinculado à riqueza – Todos têm igual poder de decisão (voto equivalente), independentemente do capital.
4.    Igualdade também significa acesso igual aos bens – A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece como estratégia crítica, a nível nacional, assegurar o acesso universal a bens e serviços básicos de boa qualidade, o que, por sua vez, é o próprio propósito de uma cooperativa.
A Organização das Nações Unidas afirma a importância de se assegurar que a oferta realmente chegue às camada excluídas da população. As cooperativas se concentram em atender as necessidades de seus membros, ao invés de focar apenas no retorno financeiro.

O movimento cooperativista apresenta uma combinação única entre alcance global e conduta empresarial baseada em pessoas. Podemos desempenhar um importante papel na redução da pobreza. As cooperativas auxiliam na redução da desigualdade ao empoderar as pessoas e ao oferecer a elas uma forma digna e sustentável de ganhar a vida.

Fonte: aqui

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Crise econômica: oportunidade para quem quer ficar rico

Crise econômica: oportunidade para quem quer ficar rico. Momentos de turbulência escondem ótimas chances de investir e multiplicar o patrimônio. Atenção!


Aproveite a crise para ficar rico - Foto: Shutterstock
Os últimos meses no Brasil têm sido de muita apreensão. Inflação alta, juros subindo, desconfiança do consumidor somam-se aos primeiros sinais de desemprego, já visíveis nas últimas pesquisas. Todas essas notícias acabam criando nas pessoas um sentimento de medo; talvez não exista nada mais danoso para uma nação do que a falta de esperança.
“A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero” (Victor Hugo)
Para dar conta das necessidades do momento, o governo federal prepara cortes no orçamento deste ano: os números definitivos ainda não foram divulgados, mas o ministro Joaquim Levy afirmou, em uma entrevista recente, que os cortes ficarão entre R$ 70 e R$ 80 bilhões. Números expressivos para um país que se acostumou a gastar (muito). Há chance de aumentarem impostos também.

Hora de rever e respeitar as prioridades
O esforço do governo se deve à necessidade de garantir o cumprimento da meta de superávit primário, dinheiro que o governo economiza para pagamento da sua dívida pública.
Ao buscar cumprir sua meta de superávit, o governo trabalha para recuperar a credibilidade perdida nos últimos anos do governo, período em que as contas públicas se deterioraram, trazendo graves problemas ao país.
Se o governo está cortando despesas e arrumando a casa, passa um sinal óbvio à sociedade de que o caminho seguido até pouco tempo estava equivocado. Com a chegada de Joaquim Levy, ficou claro que o governo percebeu (antes tarde do que nunca) que o crescimento sustentável desejado só viria depois de rever os gastos, arrumar a casa e tratar a economia com austeridade.
Sempre que atravessamos períodos de crise é natural que as pessoas também passem a apertar os cintos. A leitura é de que se até o governo decidiu optar por esse caminho, as pessoas também precisam entender que o momento é de definir e respeitar prioridades.

Investir: uma prioridade em momentos de crise
Gosto de pensar que as crises oferecem muitas oportunidades, inclusive de enriquecer mais rapidamente. É claro que devemos olhar a situação toda com cautela, analisar o orçamento com cuidado e cortar despesas, mas o momento oferece excelentes chances de bons negócios.
Cortar despesas significa, no meu ponto de vista, a garantia necessária para a manutenção da estratégia de investimentos. Estudando as crises passadas, percebi que nelas surgem as melhores chances de investir: é nesse momento (durante a crise) que muita gente vai preparando o terreno para ficar rico.
Infelizmente, muita gente prefere ir pelo caminho contrário, pois deixa de investir e prefere manter o conforto momentâneo que alguns bens e serviços oferecem, inclusive não dando bolsa para a alta dos preços.
Já no início do ano, aqui em casa colocamos uma meta: reduzir os nossos gastos em 30%. Mesmo com um bom controle desenvolvido ao longo do tempo, nossa meta foi bastante ousada. Confesso, foi complicado encontrar e cortar despesas para atingir nosso objetivo.
Depois de colocar a “mão na massa”, nossa meta está sendo superada e o que conseguimos economizar está sendo integralmente investido.
É verdade que a tranquilidade desse momento só é possível porque me preparei para enfrentar as dificuldades de uma crise econômica. Nos últimos anos, “turbinei” minha reserva de emergências e ter os números na ponta do lápis facilitou o serviço de encontrar possíveis despesas que poderiam ser reduzidas.

Crises vêm e vão, precisamos aprender sobre elas e aproveitá-las
Se para muita gente a crise tem sido cruel, de minha parte não posso reclamar; digo isso com tranquilidade e assumindo a responsabilidade de compartilhar meus pensamentos e atitudes a respeito dessa questão. Educação financeira também significa aprender a lidar com os momentos de crise e aproveitá-los.
As crises fazem parte do desenvolvimento das sociedades há séculos. Períodos de grande bonança acabam, mais cedo ou mais tarde, levando a períodos de dificuldades; o problema é justamente a falsa sensação de segurança dos bons momentos, capaz de deixar as pessoas acomodadas e acreditando que emergências nunca acontecerão.
Na última década, muita gente surfou no crescimento econômico do país e uma nova classe média surgiu, mas baseada no consumo (e não na formação de patrimônio) – um grave erro que precisa ser estudado com carinho, para que na próxima onda de crescimento as pessoas percebam que as práticas de consumo consciente são indispensáveis.

Para ficar rico é necessário ir muito além da caderneta de poupança
Na minha história, passei pela caderneta de poupança, provavelmente como todo investidor. Hoje, o país oferece inúmeras oportunidades melhores para quem busca investir, inclusive para quem quer começar.
Estou falando de produtos tão ou mais seguros que a poupança e que oferecem rentabilidades muito melhores. Se levarmos em consideração o atual cenário econômico e financeiro do país, veremos que a poupança não é adequada, pois perde para a inflação em um período de 12 meses.
Um dos investimentos mais apropriados nesse sentido é o Tesouro Direto, que está acessível a todos, com investimento inicial baixo (menos de R$ 50,00).

Conclusão
Não se deixe abater pelo pessimismo crescente em momentos de crise. Acompanhe o noticiário com cautela e um filtro bem inteligente para assim considerar que as crises podem oferecer as oportunidades necessárias para seu objetivo de ficar rico.
“Quando escrito em chinês, a palavra crise compõe-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade” (John F. Kennedy)
Momentos como os de hoje oferecem inúmeras chances de bons negócios: existem ativos com preços mais acessíveis, oportunidades apropriadas para negociar a compra e venda de bens e investimentos atraentes na renda fixa com os juros em alta são alguns exemplos.

Comece olhando para dentro de casa, veja o que merece sua atenção, negocie com fornecedores e substitua produtos por outros mais em conta. Trabalhe dobrado e faça sua renda crescer, afinal o país voltará a crescer (ainda bem) algum dia e, quando essa hora chegar, as boas oportunidades não estarão tão disponíveis como agora.




Fonte: texto adaptado Flávio Marcos aqui

sexta-feira, 6 de março de 2015

O Cooperativismo

O Cooperativismo já faz parte das instituições nacionais em todo o mundo. Trata-se de um movimento universal dos cidadãos em busca de um modelo mais justo, que permita a convivência equilibrada entre o econômico e o social.
O desafio do setor cooperativista brasileiro é mostrar à sociedade que, por ser um movimento solidário, é capaz de implantar um modelo com fortes bases calcadas no conceito de sustentabilidade, ou seja, promover o desenvolvimento econômico, respeitando o meio ambiente e inserindo o ser humano na repartição das riquezas geradas no processo.
O reconhecimento governamental, de que o Cooperativismo pode contribuir decisivamente para que o Brasil consiga se transformar num País mais justo do ponto de vista social e econômico, ocorreu logo após o início do primeiro governo Lula, em 2003, desencadeando um processo de discussão visando à eliminação dos entraves burocráticos e legais que pudessem impedir ou dificultar a difusão do Cooperativismo no seio da sociedade. Neste sentido, houve mobilização geral visando à elaboração de propostas para atualizar a legislação do Cooperativismo. Ao mesmo tempo, presenciamos grande avanço na consolidação do Cooperativismo de crédito, objetivando-o torná-lo mais competitivo no mercado.
Com a difusão do movimento cooperativista no Brasil, projetamos a inclusão de milhares de pessoas no processo. A partir daí, resta às autoridades governamentais e às lideranças da sociedade a realização de um trabalho organizado para fomentar e prover a formação dos gestores, a educação dos associados e a inclusão de questões relacionadas a políticas específicas de sustentabilidade voltadas para gênero e jovens.
E assim, num claro reconhecimento do papel das cooperativas para a redução da pobreza, geração de trabalho, emprego e renda e integração social, e ainda destacando a contribuição destas para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, a 64ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU declarou 2012 o Ano Internacional das Cooperativas.

Os sete princípios do cooperativismo
1.     Adesão voluntária e livre
2.    Gestão democrática e livre
3.    Participação econômica dos membros
4.    Autonomia e independência
5.    Educação, formação e informação
6.    Intercooperação

7.    Interesse pela comunidade

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O freio de mão puxado que trava a economia brasileira


Não se assuste por favor com alguns números, pois não são complicados. Trata-se mais ou menos das mesmas contas que fazemos em casa, só que alguns zeros a mais. Mas a lógica é a mesma, não há muito mistério.
O PIB do Brasil é, arredondando, de 5 trilhões de reais. O que significa que para aumentarmos o PIB em 1%, precisamos aumentá-lo em 50 bilhões. Como somos 200 milhões de brasileiros, isto significa que produzimos algo como 25 mil reais por ano por pessoa, cerca de 2.100 reais por mês. Ou seja, com o que produzimos hoje podemos viver com cerca de 8.400 reais por mês por família de 4 pessoas. Em outros termos, o que produzimos hoje dá para todos vivermos de maneira digna e confortável.
Por que então tanta gente pobre? Naturalmente porque há uma imensa concentração de renda (o que ganhamos a cada ano), e de patrimônio (casa, carro, aplicações financeiras e outras formas de acumulação de riqueza). Basicamente, o 1% das famílias mais ricas detém dois terços da riqueza acumulada no país. E os 10% mais ricos recebem anualmente quase a metade da renda, que transformam em mais patrimônio. Este mecanismo gerador de desigualdade constitui o principal desafio que temos pela frente.
A partir de 2003, gerou-se uma política econômica inovadora, no sentido de um mecanismo bem comprovado na economia: ao se redistribuir a renda, aumentando os salários, os empregos formais, a cobertura da previdência, o acesso à eletricidade e generalizando o bolsa família para as faixas mais pobres, aumentou-se o consumo do andar de baixo da sociedade, o que por sua vez estimulou os produtores de bens e serviços, resultando numa dinâmica de desenvolvimento da economia e de geração de empregos. Quase 40 milhões de pessoas saíram da miséria. Melhor para a sociedade, melhor para a economia.
Mas o processo gerou os seus aproveitadores. Milhões de pessoas passaram a comprar, por exemplo, a sua primeira geladeira, a televisão e outros bens e serviços. Como passaram a ter mais renda, mas a partir de um patamar muito baixo, são pessoas que iriam comprar a prazo, buscando a prestação que “cabe no bolso”. Aproveitando a ocasião e o pouco conhecimento do mecanismo de juros por parte da população, grandes intermediários financeiros passaram a enxugar esta nova capacidade de compra, travando o processo.
Vejam o exemplo prático de uma casa que tem total dedicação a você: ao aplicar uma taxa de juros de 100%, apropriam-se de metade do valor da compra, sem ter produzido nada. Um produto que seria vendido a 600 reais a vista exige um desembolso efetivo, somando as prestações, de 1200 reais. Sem ter produzido nada, além de esperar o cliente e entregar o produto. A família compra pouco no total do ano, mas se endivida muito.
Estão facilitando? Sem dúvida, pois a família não teria como pagar a vista. Mas precisa cobrar 100%, ganhando muito mais inclusive de quem produziu o produto, o empresário produtor? Nada como comparar as coisas. A rede MediaMarkt que se estende por toda Europa, com produtos semelhantes ao exemplo brasileiro, cobra cerca de 13% ao ano numa compra a prazo. Ou seja, um produto de 600 euros, por exemplo, é vendido a prazo, em 18 meses, por um valor total de 699,38 euros, com 18 prestações de 38,85 euros. Arredondando, 700 euros, e não 1200. E estão ganhando bem. Os ganhos com juros dos crediários no Brasil estão gerando bilionários, mas absorvem a capacidade de compra da população, e travam a economia, pois nem a família pode comprar muito, nem o produtor pode investir mais.
Aqui, vimos os juros dos crediários. Se acrescentarmos o cartão de crédito (238% ao ano contra cerca de 16% ao ano nos EUA), o cheque especial na faixa de 160%, o crédito para pessoa física, o crédito para pessoa jurídica e outros números semelhantes, no conjunto temos uma imensa sangria da economia através dos juros, que a maioria das pessoas não entende. Inclusive, para confundir, apresenta-se o juro mensal porque as pessoas não sabem calcular o juro efetivo anual.
O resultado prático é que todo o esforço de se dinamizar a economia brasileira pela base, pelo consumo de massa, restabelecendo um mínimo de justiça econômica e social, está sendo travado pela captação, por intermediários que não produzem nada, mas enriquecem de maneira impressionante. Basta considerar que o crédito representa quase 60% do PIB no Brasil, para se ter ideia da dimensão do entrave.
E assim temos um PIB travado, mas uma taxa de emprego muito alta. Porque os brasileiros estão trabalhando muito, mas o resultado é drenado por intermediários financeiros que em vez de fomentar investimentos, aplicam na dívida pública, sendo remunerados pela taxa Selic, ou em paraísos fiscais no exterior, e neste caso não só não estão fomentando a economia, como se colocam ao abrigo dos impostos que deveriam pagar, como é o caso por exemplo do Itaú e do Bradesco com as suas contas em Luxemburgo.
Resumindo, trata-se aqui de um dos principais mecanismos econômicos, e que explica grande parte da redução da dinâmica econômica. Na versão da mídia, trata-se de um excesso de gastos do governo. Na versão real, trata-se da praga da financeirização da economia que está travando não só o Brasil como grande parte da economia mundial.

O texto anexo tem 10 páginas, não mata ninguém, não faz contas mais complicadas do que os que toda dona de casa faz para equilibrar o orçamento familiar. Como se trata do nosso dinheiro, das nossas contas públicas, e como temos de assegurar que o país funcione, da mesma forma com que tomamos conta do dinheiro da nossa família, é importante que você entenda o mecanismo. E passe a pressionar para que economia volte a funcionar de maneira equilibrada. Tem de ser bem remunerado quem contribui para a economia do país, e não quem vive cobrando pedágio sobre o trabalho dos outros.

Autor: Ladilau Dowbor é professor titular do departamento de pós-graduação em economia e adminitração da PUC – São Paulo. Dutorou-se em Lausanne na Suiça e em Varsóvia na Polônia. É um conselheiro apreciado em muitas instituições nacionais e internacionais como a ONU. É autor de uns 40 livros e inumeráveis artigos. Dos livros ressalto “A formação do capialismo brasileiro”, Brasiliense 2010 e “Democracia econômica”Vozes 2008. Publico este artigo, por ser orientador em questões econômicas que tem a ver também com o cotidiano de nossas vidas. Não deixem de consultar seu artigo mais longo mas muito esclarecedor: Lboff
Texto completo: Aqui